sexta-feira, março 20, 2009

Pensar a Vida - Parte II

Bem, aqui estou eu para o post “Pensar a Vida – Parte II” (Obrigado pela sugestão OG! LOL). Ora a pensar na vida, a poucos dias do meu regresso a CV, vejo que realmente os laços criam-se e a vida está sempre na sua dialéctica, como um rio que corre sempre sem parar, desde que não seque, mas a água que corre nunca é a mesma. Bem laços fortes nascem, particularmente quando a vivência é no seio de estudantes, numa cidade pequena, de muita paródia, de muita “vida boa”, com muita propensão para amizade, conhecimentos variados e mais etc.. Agora as mudanças da vida nem sempre são as que a gente traz na expectativa. Digamos que começamos a familiarizar com uma realidade diferente da nossa e que, mesmo que de início, nos tenha parecido difícil de assimilar, acabamos por, efectivamente, ganhar muito dessa outra realidade e começamos mesmo a sentir que já não somos exactamente a mesma coisa, que já não temos em nós somente o que de início trouxemos connosco. Isto é bom, desde que o que tenha sido assimilado seja para nos enriquecer positivamente a nível cultural, de atitudes e afins… Porém pode ser mau quando acaba por apagar muito daquilo que devia permanecer na base do nosso orgulho cabo-verdiano. Portanto, é bom que se consiga conciliar a cultura que se traz com a que aqui ou ali se encontra e aproveitar o que é bom para a evolução da pessoa em si enquanto ser humano, salvaguardando sempre o que se pode chamar de “património” particular – digo aquilo que sempre teve e que foi adquirindo desde a nascença.

Chegar a Portugal para estudar foi de início uma mudança grande na minha vida, mas acabei por me habituar a isto, até certo ponto. Nos seis anos e tal da minha vida em Coimbra, muito aprendi e muito conheci, minha vida acabou por se cruzar com muitas outras vidas e eu, por partilhar muito das minhas vivências com pessoas de culturas diferentes. Ora daí uma ligeira alteração sempre surge, mesmo que insistamos em dizer que na verdade somos puramente o que sempre fomos. Torna-se assim inevitável a alteração da nossa identidade enquanto povo e também da nossa própria alteridade, aquilo que cada um de nós, com a identidade cabo-verdiana de todos, é particularmente. O que motiva essas mudanças todas? Ora, simplesmente um ambiente totalmente diferente, a vida que se leva por cá, a forma de ser moldável das pessoas, a nossa convivência insistente com mentalidades diferentes, os diálogos e discussões, a universidade, a “vida fora de casa”, as diferenças de opiniões, enfim… mil e uma coisas mais que sempre se põem nos nossos caminhos e a gente, não as contornando, enfrenta-as, entende-as e, já agora, assimila-as.

A ver vamos o impacto que isto terá no seio dos meus amigos em CV. A ver se, descuidadamente, não perdi algo que nunca devia ter perdido, se ainda sou aceito da mesma forma pelos meus na terrinha onde nasci, cresci e até me tornei homem. É claro que terei que me readaptar, pois há já quatro anos que não vou à terra e seis anos e poucos meses que estou ausente fisicamente da minha realidade. Creio que está tudo cá em mim, porque a realidade de Cabo Verde é indelével, mas muita coisa foi acrescentada, muita coisa foi alterada, muita coisa boa e, quiçá, sem querer, muita coisa vista como má ou pouco aceitável para os que não viveram uma outra realidade como ou parecida com esta.

3 comentários:

Anónimo disse...

Djan dura ta spera es post mos. Pa mas ki du ka kre, pa mas ki du tenta fra ma nau, ma ten senpri kel ligasaun ki ta kria, kel sodadi di arguns kuza ki du ta ba kuel. Otus kuza na nos bida ta muda.

Nos kriolu du ta vive di sodadi. El ka mata te oji, e ka ta mata mas.

Kel abrasu la...

P.S. Ka nho dura pa skrebe otu post.

Narciso Gomes disse...

Ah filipão! O grande Filipe! Pois é!!
Queria por isso td em crioulo mas percebi que tb tens muitos observadores ou talvez até fãs no Brasil, dai que vai em português (sou atento a detalhes!! ;)).

O crioulo ou o cabo-verdiano é um povo de emigração. Nascemos e crescemos com o rosto no horizonte. Isto é consequência da nossa vida, da nossa maneira de estar e de ser, da alegria de viver, do mar, da pobreza, do espírito aventureiro, da curiosidade de descobrir algo, enfim, de tudo que nos torna o que somos.

Embora como estudante possa parecer um caso a parte, não deixamos de ser o que somos, não deixamos nunca de lutar, de sacrificar, de amar,...

Embora com muitas saudades, principalmente dos familiares e com muitas dificuldades, vamos pouco a pouco chegar a meta predefinida que é o diploma do final de curso.

Mas quando olharmos para atrás é de verificar muitas alegrias e muitas tristezas. Isto traduz um pedaço de nós, um pedaço das nossas vidas. E neste virar certamente a alegria sobrepõe a tristeza. A melancolia é tanta que sentimos que a carne e a unha estão a ser separados.

Dai que entendemos o célebre dilema:

"VONTADE DE PARTIR E TER DE FICAR E VONTADE DE FICAR E TER DE PARTIR".

Isto tudo resume o nosso povo!!

Vai com Deus. Mostra que és apenas diferente, nunca "melhor", tente mudar para melhor! Ajuda os que necessitam da sua experiência. Seja o que és.

Daqui a poucos meses estarei lá, se Deus quiser, no nosso "Dez 'grãozinho' de terra".

Abraços,

Narciso Gomes
http://www.google.com/s2/profiles/102164338617013687296

Anónimo disse...

Filipão, meu amigo!Então, como vai a vida por terras de Cabo-Verde? Olha, eu tenho estado por Londres, como já devias ter calculado, mas regressei a portugal há cerca de duas semanas e como é óbvio, procurei os meus amigos. Qual não foi o meu espanto quando me disseram que tinhas partido para Cabo-Verde, e a título definitivo! Tive muita pena de não me ter despedido pessoalmente mas felizmente vivemos num Mundo global e tu estás ao alcance de um click de rato de computador.
Olha Filipe, só quero desejar-te os maiores sucessos nesta nova etapa da tua vida, que tudo te corra pelo melhor e que olhes sempre para o " bright side of life"!!!Espero rever-te em breve, a minha ideia de dar uma saltada a Cabo-Verde mantém-se, agora com razões ainda mais fortes. Abraço forte deste amigo que te quer muito bem.


Rucas
P.S. O reencontro com o "pessoal" foi bom?Ehehhehehhhe, "private joke", ahahhahaha. Dá notícias meu amigo, aquele abraço.