Andava eu a pensar nas lides domésticas das nossas mães e irmãs e esposas (se bem que eu não tenho esposa!), principalmente no Fogo e veio-me à cabeça o termo "multitasking", ou seja multitarefa, que é o que melhor se encaixa às nossas mulheres no Fogo e em CV, de uma maneira geral.
O trabalho da mulher cabo-verdiana é exagerado e mesmo tendo um marido em casa, irmãos, ou filhos, as mulheres trabalham feito burro e, para complicar ainda mais, fazem quase tudo em simultâneo. São corajosas por demais, mas convenhamos que os homens não ajudam. Se o homem vai trabalhar, quando volta à casa não faz patavina e espera que a mulher faça tudo e mais alguma coisa: que lhe ponha a mesa, que lave e passe a roupa a ferro, que limpe a casa, que cuide dos filhos, que isso... que aquilo e que aqueloutro. Na sua maioria, elas não se queixam, ou então se o fizerem, são chamadas de mandonas ou de preguisosas que se recusam a fazer o trabalho que lhes cabe fazer. Mas como é possivel que um homem pense que a própria mulher ou irmã ou mãe possa ter capacidade de fazer tanta coisa para ele se sentar a ver, ou sair para paródia ou simplesmente estar nas tintas? Esta visão esteriotipada já devia ter-se extinguido, ou pelo menos diminuido substancialmente.
Esperemos que gerações futuras tragam uma mudança radical nisto e que a forma de pensar dos homens mude para melhor, pois ajudar as mulheres nas tarefas aparentemente simples e rotineiras é de uma importância extrema para elas não se castigarem muito, não se maltratarem e não pensarem que os homens só sabem ver trabalho feito e regozijarem-se no facto de as mulheres poderem processar tão bem e rapidamente tantas tarefas. Mas as mulheres também, grosso modo, ficam caladinhas e consentidas e poucas abrem a boca para falar sobre isso com os homens. Há que haver mente aberta nos dois, para que o diálogo não conduza a complicações. Estamos todos no séc. XXI e temos que viver com as diferenças, mas cada vez menos discriminação; temos que pensar numa forma de ultrapassar nossos esteriótipos e começar a lavar a louça, cuidar dos filhos, cozinhar... e - por que não - limpar a casa, entre outras tarefas domésticas. Quando a mulher não trabalha por fora (não tendo outra profissão), sofre muito mais, pois não tem (no ver dos homens de CV) como impor um pouco a sua vontade de se ver auxiliada. Mas há homens sensatos e modernos que muito fazem para que as coisas mudem e é nestes homens que está a fé de formar novas gerações capazes de "numa boa" fazer um pouco do que se entende que só as mulheres podem fazer. Cabe a nós todos fazer um pouco e este pouco de todos tornar-se-á muito e um dia uma mudança muito positiva estará implementada, para que nossas mulheres se sintam livres e passem a ter um pouco de tempo para se divertirem como nós homens fazemos, para que a nossa sociedade seja cada vez mais justa no que tange a divisão de tarefas entre homens e mulheres. Devemos sentir orgulho nisto e não vergonha, pois que representamos uma geração renovada e de princípios novos e avançados, que devem abranger todo o tipo de comportamentos, atitudes em todas as vertentes da vida. Sejamos bons para com as nossas mulheres, façamos com que elas se orgulhem mais nos homens que têm em CV. Um país que se diz com nível de Desenvolvimento Médio, deve ter pessoas capazes de ver que o desenvolvimento tem que ser abrangente, distribuído pelas várias facetas e a parte de eliminar a discriminação e promover alguma igualdade entre mulheres e homens cabo-verdianos tem que ganhar maior ênfase.
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