O verde que a paisagem lá fora encerra, contrasta grandemente com a realidade seca da minha ilhota que muito adoro. Sobre este verde chove com muita frequência, mas sobre o seco daquela ilha negra e pelada muito pouco chove, mesmo no período das chuvas. Dizem - notícias de quem lá esteve recentemente - que ela também está coberta de um verde efémero -pois brevemente desaparece - e que este ano poderá haver fartura nas azáguas. Notícia boa! Contudo, deixa-me um pouco saudoso, de água na boca, cheio de vontade de comer o milho verde, assado, cozido - seja como for! - feijão fresco, verde - bangolon, fabinha berdi, bonjin, baxinha - "balonbolu", enfim... aquela vasta quantidade de hortícolas e frutas de boa qualidade que há com fartura no Fogo quando dá chuva e as pragas não aparecem em desespero para devorar grande parte dos campos.
Dizia eu, o verde contrastante lá fora infunde-me saudades, mas também me conforta no sentido de que sempre que estou a ver para ele, tenho presente o seco, o nu da região donde sou oriundo no Fogo. Portanto, nesta união de contrários, o que me identifica e fascina é o meu verde efémero das azáguas e o seco prepoderante das outras "estações" do ano.
Abro a janela e deparo-me com relva estendida; vejo mais à frente e o rio Mondego lá passa; mais para cima, autêntica floresta com grandes construções entre as muitas árvores que se põem de pé fielmente, parecendo soldados a jurar bandeira. Nada disso me espanta ou me espantou quando cá cheguei! Vi, a priori, que esta realidade não era a minha e soube sempre viver com esta consciência. Mas embora no outro extremo, esta conjuntura toda não me pôs estupefacto: com o preponderante verde, estas muitas pontes a travessar rios, as estradas largas e com alcatrão, os muitos autocarros e automóveis, as muitas pessoas a circular sempre na azáfama do dia-a-dia, as baixas das cidades cheias de lojas e centros comerciais e as mil e uma coisas mais, nada disso me faz regozijar-me tanto quanto o viver na paz, tranquilidade, simplicidade, humildade e pequenez do meu negro e explosivo Djarfogo. É sim uma realidade muito diferente, aqui e pela Europa dentro, mas diferente em todos os sentidos. Por mais que eu conheça países e cidades, por mais que veja riquezas, por mais que isso, por mais que aquilo... apraz-me concordar que nenhuma destas enormidades de países e cidades me identificam tanto quanto o fazem as minhas casinhas e funcos do Fogo, as estradas estreitas que ligam as pequenas povoações, o povo singelo e cheio de morabeza, o "tudo" que lá se tem ou se pode ter e aqui nunca vi, nunca tive nem nunca vou ter.
É certo que os cabo-verdianos emigram na esperança de vida melhor. Mas é caso para perguntar: melhor até que ponto? O cabo-verdiano que viaja começa a queixar-se de estresse, - que nunca tivera em CV - , de muitos problemas de saúde - que nunca sentira em CV -, da falta de amigos - que nunca sentira em CV -, da falta de tempo - que tinha de sobra em CV... e de mais muita coisa que nunca experimentara em CV. É por isso que me queixo agora de saudades, de vontades, de alguma tristeza... É por isso que no meu peito albergo um grito enorme que só soltarei quando voltar a pisar a ilhota que me viu nascer, crescer e tornar-me homem e que, sei muito bem, me aguarda de braços abertos, como uma mãe sempre espera por um filho ausente. Se eu chegar de dia terei o sol escaldante. Porém, se chegar de noite, almejarei que ela faça explodir o vulcão para me dar luz, para me ajudar a gritar e soltar a frustração toda que trago cá dentro a corroer a minha alma e a oprimir as grandes alegrias da minha vivência foguense.
Dizia eu, o verde contrastante lá fora infunde-me saudades, mas também me conforta no sentido de que sempre que estou a ver para ele, tenho presente o seco, o nu da região donde sou oriundo no Fogo. Portanto, nesta união de contrários, o que me identifica e fascina é o meu verde efémero das azáguas e o seco prepoderante das outras "estações" do ano.
Abro a janela e deparo-me com relva estendida; vejo mais à frente e o rio Mondego lá passa; mais para cima, autêntica floresta com grandes construções entre as muitas árvores que se põem de pé fielmente, parecendo soldados a jurar bandeira. Nada disso me espanta ou me espantou quando cá cheguei! Vi, a priori, que esta realidade não era a minha e soube sempre viver com esta consciência. Mas embora no outro extremo, esta conjuntura toda não me pôs estupefacto: com o preponderante verde, estas muitas pontes a travessar rios, as estradas largas e com alcatrão, os muitos autocarros e automóveis, as muitas pessoas a circular sempre na azáfama do dia-a-dia, as baixas das cidades cheias de lojas e centros comerciais e as mil e uma coisas mais, nada disso me faz regozijar-me tanto quanto o viver na paz, tranquilidade, simplicidade, humildade e pequenez do meu negro e explosivo Djarfogo. É sim uma realidade muito diferente, aqui e pela Europa dentro, mas diferente em todos os sentidos. Por mais que eu conheça países e cidades, por mais que veja riquezas, por mais que isso, por mais que aquilo... apraz-me concordar que nenhuma destas enormidades de países e cidades me identificam tanto quanto o fazem as minhas casinhas e funcos do Fogo, as estradas estreitas que ligam as pequenas povoações, o povo singelo e cheio de morabeza, o "tudo" que lá se tem ou se pode ter e aqui nunca vi, nunca tive nem nunca vou ter.
É certo que os cabo-verdianos emigram na esperança de vida melhor. Mas é caso para perguntar: melhor até que ponto? O cabo-verdiano que viaja começa a queixar-se de estresse, - que nunca tivera em CV - , de muitos problemas de saúde - que nunca sentira em CV -, da falta de amigos - que nunca sentira em CV -, da falta de tempo - que tinha de sobra em CV... e de mais muita coisa que nunca experimentara em CV. É por isso que me queixo agora de saudades, de vontades, de alguma tristeza... É por isso que no meu peito albergo um grito enorme que só soltarei quando voltar a pisar a ilhota que me viu nascer, crescer e tornar-me homem e que, sei muito bem, me aguarda de braços abertos, como uma mãe sempre espera por um filho ausente. Se eu chegar de dia terei o sol escaldante. Porém, se chegar de noite, almejarei que ela faça explodir o vulcão para me dar luz, para me ajudar a gritar e soltar a frustração toda que trago cá dentro a corroer a minha alma e a oprimir as grandes alegrias da minha vivência foguense.
1 comentário:
Sim ki ta fradu broda. Texto pa desafoga korasan, pa anima arma, pa danu um poku di alentu na es kabu longi ki kada um di nós sta. Sóa na nós terra kel gritu ta pode sainu di nanó, ma du ka meste grita, silensiu ki ta ser nós midjó gritu di liberdadi.
kel abrasu di manu nho, li na es otu ponta-l mundo. Eliezer
Enviar um comentário