Ontem, dia 2 de Abril, fez 13 anos que o vulcão do Fogo entrou em erupção pela última vez. Ora, na verdade, este era um assunto para um post do dia 2, mas confesso que me não recordei da data e hoje fui alertado para tal. Mas nada impede que seja publicada uma mensagem hoje, um dia após o aniversário da erupção, assistida por muitas pessoas bem de perto e muito mais outras, ao longe, através dos media.
No dia 2 de Abril de 1995, de madrugada, ouvia-se uma grande explosão vinda lá de cima da "serra" e via-se um intenso lume, coroado de uma nuvem de fumo espessa e gigante, a erguer-se em direcção aos céus. O vulcão tinha entrado em actividade, depois de um longo período de dormência profunda (desde 1951, conforme os registos). Os olhos do mundo viraram-se para Cabo Verde - e mais para o Fogo - e apoios foram concedidos de toda a parte, para colmatar as dificuldades que surgiram - e se foram somando a cada dia - com a catástrofe natural. O vulcão esteve em actividade durante um longo período e isto motivou a evacuação e o desalojamento, por algum tempo, de todas as pessoas residentes na zona de Chã das Caldeiras, onde o famoso Pico do Vulcão do Fogo se situa. Ninguém ficou indiferente ao tamanho espectáculo da natureza que para muitos era uma coisa do outro mundo a acontecer subitamente em plena ilha do Fogo. Adultos, jovens, adolescentes e crianças viram naquilo uma expressão forte da Mãe Natureza nunca imaginada na ilha do Fogo ou em CV. Porém, pessoas mais velhas que já tinham assistido à anterior erupção de 51, puderam reviver uma experiência interessante que se lhes ressurgia assim de surpresa. A ilha conheceu, com a calamidade, um outro movimento e ficou propensa a visitas de vários turistas, curiosos e grandes estudiosos de vulcanologia. Foram de seguida instalados medidores de inclinação e sensores de CO2 e, ainda estações sismológicas no Fogo - estas últimas também na vizinha Brava.
A evacuação das pessoas da zona do vulcão durou vários meses e acabou por facultar a construção de habitações sociais para os desalojados nas zonas baixas, como é o caso de Monte Grande e Achada Furna, esta última gozando de certa proximidade da zona afectada. O balanço que se fez dos danos causados pela erupção revelava grandes perdas de áreas cultiváveis e mesmo de variadas plantações que dantes lá existiam. Chegou à ilha um contingente militar nunca antes visto, para auxiliar na organização, distribuição de alimentos e medicamentos e demais necessidades. Como centro de atenção do país e de grande parte do mundo onde a diáspora cabo-verdiana é bem representada, todo o auxílio era bem-vindo e eis que realmente foi chegando à ilha todo o tipo de apoio de todo o lado do mundo. As autoridades agradeciam em nome dos flagelados e tudo faziam para um melhor controlo e distribuição do que dia após dia chegava à ilha e que manifestava a solidariedade, amor e disponibilidade do mundo para com CV, mais concretamente para com a ilha assolada.Lembro-me perfeitamente de que eu estava a dormir um sono bem profundo, quando uma irmã minha me acordava a dizer que o vulcão tinha entrado em erupção. Naturalmente, como um leigo na matéria, saltei da cama para correr em direcção a algures onde se poderia estar fora de perigo. Nisto a minha irmã me acalmou, dizendo que todo o mundo estava lá fora a assistir ao espectáculo e que mesmo que fosse para correr, não haveria para onde. Pronto, lá nas calmas, levantei-me e fui juntar-me ao pessoal para desfrutar daquele "show" que a Natureza, feroz e inteligentemente, apresentava, lá acima na "serra", ao povo do Fogo, de Cabo Verde e do mundo. O céu era cinzento escuro e sentia-se uma chuva fina de areia por toda a ilha, durante largos dias.
O vulcão fez o seu papel e o povo também! Todos os dias havia grandes deslocações de pessoas para Chã das Caldeiras para presenciar de perto o escorrer das lavas que tudo à frente devastava, ter aquela sensação de "quem lá esteve" e testemunhar mais aquela erupção que ia fazer história e chamar à atenção o mundo inteiro. Como se pode depreender, a erupção passou a ser o tema predilecto no Fogo. Recordo-me, por exemplo, de ter escrito, na mesma semana, no primeiro ano do liceu, uma composição a falar daquilo tudo.
Bem, é natural que por mais que escreva aqui sobre este assunto, me tenham fugido boas informações e situações, até porque já lá vão alguns anos do sucedido. Entretanto as recordações ficam e são projectadas para frente de forma a que sempre nos lembremos do poder de um vulcão, que parecendo calmo e inactivo, está bem presente e alerta e, de repente, pode, perfeitamente, protagonizar mais um espectáculo bem visto a olho nu e que, acontecendo, estará acessível a todos os residentes da ilha e do país e, por que não, do mundo.
A evacuação das pessoas da zona do vulcão durou vários meses e acabou por facultar a construção de habitações sociais para os desalojados nas zonas baixas, como é o caso de Monte Grande e Achada Furna, esta última gozando de certa proximidade da zona afectada. O balanço que se fez dos danos causados pela erupção revelava grandes perdas de áreas cultiváveis e mesmo de variadas plantações que dantes lá existiam. Chegou à ilha um contingente militar nunca antes visto, para auxiliar na organização, distribuição de alimentos e medicamentos e demais necessidades. Como centro de atenção do país e de grande parte do mundo onde a diáspora cabo-verdiana é bem representada, todo o auxílio era bem-vindo e eis que realmente foi chegando à ilha todo o tipo de apoio de todo o lado do mundo. As autoridades agradeciam em nome dos flagelados e tudo faziam para um melhor controlo e distribuição do que dia após dia chegava à ilha e que manifestava a solidariedade, amor e disponibilidade do mundo para com CV, mais concretamente para com a ilha assolada.Lembro-me perfeitamente de que eu estava a dormir um sono bem profundo, quando uma irmã minha me acordava a dizer que o vulcão tinha entrado em erupção. Naturalmente, como um leigo na matéria, saltei da cama para correr em direcção a algures onde se poderia estar fora de perigo. Nisto a minha irmã me acalmou, dizendo que todo o mundo estava lá fora a assistir ao espectáculo e que mesmo que fosse para correr, não haveria para onde. Pronto, lá nas calmas, levantei-me e fui juntar-me ao pessoal para desfrutar daquele "show" que a Natureza, feroz e inteligentemente, apresentava, lá acima na "serra", ao povo do Fogo, de Cabo Verde e do mundo. O céu era cinzento escuro e sentia-se uma chuva fina de areia por toda a ilha, durante largos dias.
O vulcão fez o seu papel e o povo também! Todos os dias havia grandes deslocações de pessoas para Chã das Caldeiras para presenciar de perto o escorrer das lavas que tudo à frente devastava, ter aquela sensação de "quem lá esteve" e testemunhar mais aquela erupção que ia fazer história e chamar à atenção o mundo inteiro. Como se pode depreender, a erupção passou a ser o tema predilecto no Fogo. Recordo-me, por exemplo, de ter escrito, na mesma semana, no primeiro ano do liceu, uma composição a falar daquilo tudo.
Bem, é natural que por mais que escreva aqui sobre este assunto, me tenham fugido boas informações e situações, até porque já lá vão alguns anos do sucedido. Entretanto as recordações ficam e são projectadas para frente de forma a que sempre nos lembremos do poder de um vulcão, que parecendo calmo e inactivo, está bem presente e alerta e, de repente, pode, perfeitamente, protagonizar mais um espectáculo bem visto a olho nu e que, acontecendo, estará acessível a todos os residentes da ilha e do país e, por que não, do mundo.
2 comentários:
O Filipe sempre em grande.
Também tenho um post sobre o assunto no meu blog, diGreja: 2 de Abril de 1995 http://digreja.blogspot.com/2008/04/2-de-abril-de-1995.html
Abraço,
OG
Pois é pessoal, os dois posts complementam-se. Até porque as abordagens são feitas de primas diferentes: ele dos Mosteiros e eu de S. Filipe. Vejam as duas msgs que as ideias podem cruzar, mas são diferentes.
Abraço!
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