Falando com um amigo, perguntei-lhe que sugestões ele me dava para temas a escrever no blog. Ele disse-me, depois de ter sugerido alguma coisa vaga, “ Mas 1 dika, papia sobri nos kriolu, kriolu di Fogo” . Perguntei-lhe, de seguida, o que deveria escrever sobre tal coisa, ao que me respondeu: “Sobri kuze ki bu ta atxa del, un kriolu uniku na CV”. Ora concordei com ele e decidi falar mesmo sobre o sotaque único do Fogo comparado com as grandes semelhanças que há entre os outros em Cabo Verde.
Como é sabido, CV está dividido em dois grupos (Barlavento e Sotavento) e cada grupo partilha dentre as ilhas todas que o formam de um sotaque bastante aproximado. Contudo, o Fogo parece que divergiu desta tendência e lá o pessoal fala forte e feio, “fogo kru” e de uma forma intrinsecamente única. Nas outras ilhas dizem que no Fogo se fala mal e que as mulheres podem ser lindas, mas quando abrem a boca “kombersu ê fedi”, ou seja, o sotaque é feio e soa, no mínimo, péssimo. Eu cá, muito pessoalmente, discordo na íntegra. Antes de mais nada, gostava de salientar que mesmo dentro da ilha há diferenças entre sermos do centro (zona do Pico, como lá se diz) ou dos extremos (Bila, C. Figueira e Mosteiros). Sem falar na ideia de que cada um puxa a brasa para a sua sardinha, também noto muita coisa que soa mal nos badios e no pessoal de Barlavento. O crioulo em Cabo Verde é único embora o sotaque varie de ilha para ilha e haja uma ou outra expressão típica. Mas isto verifica-se em tudo o que é língua e em toda a parte do mundo. No Alentejo, por exemplo, o sotaque é bem diferente do de Lisboa e também o é o nortenho. O sotaque americano é diferente do britânico, não obstante falam a mesma língua.
Quero com isso dizer que devemos dar conta da riqueza que existe na pobre língua crioula, uma língua sem gramática a sério, sem diccionário a sério, mas rica em sotaques, particularidades e de uma melodia sem par. Os caboverdeanos falam a cantar e a força da música está no falar crioulo. Já ouvi críticas intermináveis acerca da nossa forma de falar no Fogo. Entretanto, por mais que se explique, as pessoas ainda se restringem a tentar ofender e nunca entender. Por exemplo, quando queremos dizer “falar” dizemos “fra”. Os badios gozam e riem-se que se fartam. Mas nunca tentam entender que a gente pode dizer isso, pois dizemos “fura” quando queremos dizer “furar”, ao que eles dizem “fra”.
O pessoal do Barlavento também se diverte muito, por exemplo, à custa do “dôs” (2), pois para eles acho que seria o número 12. Imaginem só!!! Nós para o 12 dizemos “doze” . Nada disso tem cabimento uma vez que tudo está claro, só que ninguém o quer entender assim.
Outra coisa importante a referir é que os sampadjudos do Fogo têm uma facilidade enorme de moldar o sotaque e adquirir os outros todos, sem cometer grandes enganos. Sinceramente, nunca notei o contrário. Isto quer dizer que damos valor e respeitamos o que é dos outros e assim esperamos ser respeitados e comprendidos no que é nosso, só nosso e com orgulho!
Como é sabido, CV está dividido em dois grupos (Barlavento e Sotavento) e cada grupo partilha dentre as ilhas todas que o formam de um sotaque bastante aproximado. Contudo, o Fogo parece que divergiu desta tendência e lá o pessoal fala forte e feio, “fogo kru” e de uma forma intrinsecamente única. Nas outras ilhas dizem que no Fogo se fala mal e que as mulheres podem ser lindas, mas quando abrem a boca “kombersu ê fedi”, ou seja, o sotaque é feio e soa, no mínimo, péssimo. Eu cá, muito pessoalmente, discordo na íntegra. Antes de mais nada, gostava de salientar que mesmo dentro da ilha há diferenças entre sermos do centro (zona do Pico, como lá se diz) ou dos extremos (Bila, C. Figueira e Mosteiros). Sem falar na ideia de que cada um puxa a brasa para a sua sardinha, também noto muita coisa que soa mal nos badios e no pessoal de Barlavento. O crioulo em Cabo Verde é único embora o sotaque varie de ilha para ilha e haja uma ou outra expressão típica. Mas isto verifica-se em tudo o que é língua e em toda a parte do mundo. No Alentejo, por exemplo, o sotaque é bem diferente do de Lisboa e também o é o nortenho. O sotaque americano é diferente do britânico, não obstante falam a mesma língua.
Quero com isso dizer que devemos dar conta da riqueza que existe na pobre língua crioula, uma língua sem gramática a sério, sem diccionário a sério, mas rica em sotaques, particularidades e de uma melodia sem par. Os caboverdeanos falam a cantar e a força da música está no falar crioulo. Já ouvi críticas intermináveis acerca da nossa forma de falar no Fogo. Entretanto, por mais que se explique, as pessoas ainda se restringem a tentar ofender e nunca entender. Por exemplo, quando queremos dizer “falar” dizemos “fra”. Os badios gozam e riem-se que se fartam. Mas nunca tentam entender que a gente pode dizer isso, pois dizemos “fura” quando queremos dizer “furar”, ao que eles dizem “fra”.
O pessoal do Barlavento também se diverte muito, por exemplo, à custa do “dôs” (2), pois para eles acho que seria o número 12. Imaginem só!!! Nós para o 12 dizemos “doze” . Nada disso tem cabimento uma vez que tudo está claro, só que ninguém o quer entender assim.
Outra coisa importante a referir é que os sampadjudos do Fogo têm uma facilidade enorme de moldar o sotaque e adquirir os outros todos, sem cometer grandes enganos. Sinceramente, nunca notei o contrário. Isto quer dizer que damos valor e respeitamos o que é dos outros e assim esperamos ser respeitados e comprendidos no que é nosso, só nosso e com orgulho!
1 comentário:
Keli e un grandi verdadi ki nho fra li "sampadjudos do Fogo têm uma facilidade enorme de moldar o sotaque e adquirir os outros todos, sem cometer grandes enganos." i sen ninhun konplexu.
Kel abrasu la.
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